sábado, 21 de junho de 2014

Washington Quaquá: Reconstruir a esquerda.



Há uma falência da esquerda em todo o mundo.

Rio - Há uma falência da esquerda em todo o mundo. As duas vertentes políticas de origem marxista, a social-democrata e a marxista-leninista, acabaram abandonando a luta de classes ao optar pela estabilidade da coexistência com a burguesia, que acabou se transformando em submissão aos interesses do capital.

No Brasil, o PT surgiu já no contrapelo desta derrocada e representou uma esperança de reconstrução. Bebendo em todas as tradições da esquerda mas não se filiando a nenhuma, o PT é de fato um partido-movimento com fortes raízes nas lutas, tradições e interesses do povo. Esse movimento histórico foi capaz, entre muitos fenômenos políticos, de produzir um ser especial, síntese da brasilidade apontada por Darcy Ribeiro: Luiz Inácio Lula da Silva.

Lula é um típico líder carismático que a América Latina produziu em alguns momentos, mas com uma diferença fantástica: ele não é general ou fazendeiro, mas um operário de esquerda.

Lula foi forjado e esculpido pelas dificuldades. Na fome, na fuga da seca, no amor materno, no trabalho infantil, no estudo precário, na conquista de uma profissão, no sindicalismo, na malandragem da birosca, no drible do futebol, no enfrentamento da polícia, na arte do discurso, na derrota e na vitória política e finalmente no exercício primoroso de uma Presidência que redescobriu o Brasil.

Mas, para chegar à Presidência e fazer sua sucessora, construindo nestes 12 anos um país menos desigual, dando futuro a muitos milhões de brasileiros, Lula e o PT tiveram que ampliar suas alianças e não escolher companhias, fruto de um sistema político que obriga todos a compor com uma maioria conservadora e patrimonialista no Legislativo. Sem isso não haveria Bolsa Família, Prouni, Minha Casa, Minha Vida, Mais Médicos, Samu, UPAs, salário mínimo de mais de 300 dólares, quase emprego pleno, creches do Proinfância, Pré-sal, Petrobras estatal, refinarias, PAC etc...

Agora os muitos milhões que nós tiramos da miséria ou da pobreza querem mais. É bom que queiram! Querem mais saúde, mais transporte, mais educação, mais salário, mais esgoto, mais água... Querem construir de fato uma democracia popular, para todos. Para isso será preciso taxar fortunas e cobrar mais impostos dos ricos e menos dos pobres; teremos que fazer reforma política, do judiciário, da mídia, bancária, urbana, agrária... E isto será impossível com o PMDB, o PP, o PTB, etc...

Esta é nossa contradição. A aliança que nos permitiu mudar o Brasil nos impede de realizar mais mudanças. O povo quer mais, e só o PT pode realizar. Mas, para isso, tem que reconstruir novas alianças, reorganizar estruturas militantes, reascender sonhos, mobilizar corações, incendiar paixões, propor novas reformas para o século 21. Lula, o líder do povo brasileiro, tem dito que temos que revigorar o PT e reinventar a militância política.

Aqui no Rio, sob a liderança do Lindbergh, e com uma frente que unirá PT, PCdoB e PV, queremos contribuir não só para a reeleição da presidenta Dilma e para termos um governo do estado popular, mas também para abrirmos o diálogo com forças que se afastaram de nós no plano nacional, como Rede, PSB e Psol, visando a formatar uma nova frente de esquerda, a partir do Rio, unindo já no primeiro turno do estado, mas também no segundo turno nacional, a força social necessária para realizar as reformas do século 21 que estão na base dos anseios que levaram multidões às ruas em junho de 2013. 

Washington Quaquá é prefeito de Maricá e presidente do PT do Estado do Rio.

http://odia.ig.com.br/noticia/opiniao/2014-06-17/washington-quaqua-reconstruir-a-esquerda.html

Lindberg Farias: Nota ao Povo do Rio de Janeiro.



Foto: Antonio Pinheiro.

Depois de muitos anos trilhando um caminho de dispersão, as forças de esquerda do Rio de Janeiro vivem hoje a possibilidade de construir, juntas, um projeto alternativo para a disputa do Governo do Estado.

É uma aliança que já nasce vitoriosa para as eleições majoritárias e proporcionais de Outubro. Nunca foi tão necessário um governo de esquerda no Rio de Janeiro.

Um governo que busque transparência e participação popular, que dialogue com o povo e com a juventude, que construa um novo caminho, em que as mudanças sociais sejam o principal foco das políticas públicas. Um governo em que a vida das pessoas seja tratada como prioridade, e que as diversas regiões do Estado e setores sociais sejam tratados com isonomia.

Para alcançar esses objetivos, o Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido Verde (PV) e o Partido Comunista do Brasil (PC do B) convidam o Partido Socialista Brasileiro (PSB) para construir esta união das forças populares.

Mostrando generosidade, amplitude política e compromisso com a vitória desta Frente Popular, Jandira Feghali, antes convidada para ocupar a vaga de Senado e bem posicionada nas pesquisas de opinião, e seu partido, o PCdoB, abrem mão da pré-candidatura ao Senado e, juntamente com os partidos da coligação, propõem a candidatura de Romário para o Senado Federal, integrando a chapa majoritária nessas eleições de 2014 no Estado do Rio de Janeiro, juntamente com as candidaturas de Lindberg Farias (Governador) e Roberto Rocco (Vice-Governador).

Do mesmo modo, essa aliança popular possibilitará ao eleitor do Rio de Janeiro um conjunto de candidatas e candidatos a Deputado Federal e Estadual também compromissados em somar, com Lindberg (Governador), Roberto Rocco (Vice-Governador) e Romário (Senador), uma frente parlamentar consistente, séria e coesa para contribuir com a melhoria das condições de vida do povo carioca.

Assinam:
Partido dos Trabalhadores (PT/RJ)
Partido Verde (PV/RJ)
Partido Comunista do Brasil (PCdoB/RJ)

quarta-feira, 18 de junho de 2014

17 anos depois, repórter da Folha reconta história da compra de votos para reeleição de FHC.




O jornalista da Folha que investigou a compra de votos no Congresso para que FHC pudesse se reeleger, Fernando Rodrigues, voltou hoje ao assunto em seu blog, diante da “troca de chumbo” entre Lula e FHC a respeito.


Trechos:

“O mais importante a respeito desse episódio de 1997 é que nada foi investigado como deveria. Dessa forma, restam apenas os fatos em torno da revelação do fato –trata-se de fato, pois houve provas materiais periciadas a respeito.

Uma cronologia dos acontecimentos:





1) 28.janeiro.1997 – a Câmara aprova a emenda constitucional da reeleição: dispositivo passa a permitir que prefeitos, governadores e presidente disputem um segundo mandato consecutivo.





2) 13.maio.1997: Folha publica reportagem da compra de votos para aprovação da emenda da reeleição. Manchete no alto da primeira página, em duas linhas: “Deputado conta que votou pela reeleição por R$ 200 mil”.





3) O que disse FHC, então presidente da República: sempre negou o esquema. Dez anos depois, em sabatina na Folha, em 2007, o tucano não negou que tenha ocorrido a compra de votos. Alegou que a operação não foi comandada pelo governo federal nem pelo PSDB.





4) Provas: confissão gravada de 2 deputados federais do Acre que diziam ter votado a favor da emenda da reeleição em troca de R$ 200 mil recebidos em dinheiro. Outros três deputados eram citados de maneira explícita e dezenas de congressistas teriam participado do esquema. Nenhum foi investigado pelo Congresso nem punido.





5) CPI: PT e partidos de oposição tentam aprovar requerimento de CPI. Sem sucesso.





6) Operação abafa 1: em 21.maio.1997, apenas 8 dias depois de o caso ter sido publicado pela Folha, os dois deputados gravados renunciam ao mandato (Ronivon Santiago e João Maia, ambos eleitos pelo PFL –hoje DEM– do Acre). Eles enviaram ofícios idênticos ao então presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP). Reportagem de 21.maio.1997 relata procedimentos utilizados na reportagem sobre a compra de votos.





7) Operação abafa 2: em 22.maio.1997, só 9 dias depois de a Folha ter revelado o caso, tomam posse como ministros Eliseu Padilha (Transportes) e Iris Rezende (Justiça). Ambos eram do PMDB, partido que mais ajudou a impedir a instalação da CPI para apurar a compra de votos.





8) Operação abafa 3: apesar da fartura de provas documentais, o então procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, não acolhe nenhuma representação que pedia a ele o envio de uma denúncia ao Supremo Tribunal Federal.





Em 27.junho.1997, indicado por FHC, Geraldo Brindeiro toma posse para iniciar o seu segundo mandato como procurador-geral da República. Sempre reconduzido por FHC, Brindeiro ficou oito anos na função, de julho de 1995 a junho de 2003.





9) Fim do caso: em junho de 1997, o Senado aprova, em segundo turno, a emenda da reeleição, que é promulgada. No ano seguinte, FHC se candidata a mais um mandato e é reeleito.





A Polícia Federal não investigou? De maneira quase surrealista, sim. O repórter responsável pela reportagem foi intimado a dizer o que sabia a respeito do caso em… 4 de junho de 2001. O inquérito era apenas protocolar. Não deu em absolutamente nada.”





Saiba Mais: uol