Por Júlio Chiavenato do jornal Cidade
A história não começa ontem. Vamos lembrar o curto período de 1950 aos nossos dias. Nesse tempo nenhum presidente da República, democraticamente eleito, ousou dar um golpe. Mas aconteceram várias tentativas e por fim, a ditadura militar de 1964.
Domingo, a Folha (condenando Lula) e o Estadão (apoiando Serra), publicaram editoriais denunciando ameaças à liberdade de imprensa e, por extensão, à democracia. Os dois jornais sentem-se ameaçados com as reações de Lula, irritado pelas denúncias de corrupção no seu governo.
Que Lula é desbocado e seu governo tem vários escândalos não é segredo. Mas nunca a imprensa foi tão livre e falou o quanto quis como atualmente. Ele responde. Por que ter “medo” de um falastrão? Por que sua candidata pode vencer no primeiro turno?
É direito dos jornais apoiar os candidatos com os quais se identificam. O problema é distorcer o noticiário, manipular fatos ou trabalhar com meias verdades. Isto sim, ameaça a imprensa, pois leva ao descrédito.
Se é para ter medo, temo o Estadão e a Folha. Todos os golpes contra a democracia desde 1950, começaram com as conspirações no Estadão. Foi no Estadão que se gestou a ditadura militar, com editoriais “em defesa da democracia” e que culminaram por implantar a barbárie. Temo a Folha, que nos anos de chumbo da ditadura ajudou o DOI-COI e a Operação Bandeirantes, ao divulgar a repressão criminosa como se fosse o combate heroico do bando do torturador Fleury.
Lula não ameaça a democracia. A economia fortalecida garante o respeito à Constituição. São os jornais que têm tradição golpista que ao final se revela suicida.
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