quarta-feira, 28 de abril de 2010

O voto das mulheres


Por Marcos Coimbra Sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi
Correio Braziliense – 28/04/2010

O assunto do momento, nas discussões sobre as próximas eleições presidenciais, é o voto feminino. Mais exatamente, as diferenças que existem entre as intenções de voto de mulheres e homens, constatadas pelas últimas pesquisas.

A nominata de mulheres do PT-RJ

A chamada em epígrafe, de artigo postado hoje no Blog do Flávio Loureiro, chama a atenção para um imbrólio que vários partidos irão enfrentar para compor as suas nominatas proporcionais, e que o PT do Rio ora enfrenta.

Houve uma mudança na lei eleitoral em relação ao mínimo de candidaturas de mulheres que cada partido ou coligação terá que apresentar em suas chapas para as assembléias legislativas e câmaras federais.

Antes este percentual incidia sobre o número de vagas, agora é sobre o de candidaturas lançadas, isto é: no caso do Rio, cada partido tem direito a indicar 105 candidaturas estaduais e 69 federais, portanto o mínimo de 30% de candidaturas de mulheres, previsto na legislação eleitoral vigente, representa algo em torno de 30 candidatas mulheres, no primeiro caso, e 21, no segundo.

Além disso, a legislação prevê também um percentual mínimo para as candidatas mulheres na distribuição do horário eleitoral gratuito de rádio e tv fora do período eleitoral, além de parcela do fundo partidário para atividades de formação de mulheres. Enfim, parte de um processo afirmativo e positivo que visa reduzir o fosso entre as oportunidades oferecidas a homens e mulheres na cena política brasileira, quando estas já representam a maioria do eleitorado.

O PT, com isso, terá que conviver com uma contradição, entre outras que já convive. Certamente é o partido que mais investe em espaços de representação e organização das mulheres, graças inclusive a iniciativas das petistas em romper o cerco machista partidário, onde a primeira grande conquista foi a exigência de que em cada instância de direção partidária estejam representadas um mínimo de 30% de mulheres. Logo, a utilização do mesmo percentual na legislação vigente não é mera coincidência.

O partido porém – e vamos aqui tratar a questão específica do Rio, que não deve ser muito diferente no restante do país – há muito revela dificuldades de cumprir esta exigência legal, tanto a anterior e mais ainda a atual. Algo que se por um lado denota que está distante a sua evolução neste sentido, neste momento eleitoral se não for tratado com seriedade pode trazer sérias consequências na conformação final das suas nominatas.

Isso porque a exigência legal de um mínimo de 30% das mulheres nas nominatas proporcionais, obriga que o partido caso não consiga realizá-la com o número atual de précandidaturas já lançadas, terá que cortar candidatuas masculinas para cumprir aquela exigência. Logo, crise à vista!

Esta é mais uma lacuna política que o encontro estadual festivo do PT – que na verdade era para ser o congresso estadual do partido -, realizado no último domingo na quadra da Escola de Samba Portela, que alcançou o seu ápice com a presença da candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff, não criou as condições para preencher, quando restam pouco mais de dois mesês para o registro legal de chapas e candidaturas.

O próximo diretório estadual do partido, portanto, sem a representatividade do evento festivo de domingo, composto por delegados eleitos no processo de eleições diretas do PT (PED), vai ter que se debruçar sobre questões espinhosas como esta e outras tão ou mais complexas.

Em debate estarão a tática eleitoral proporcional, aí incluído a distribuição de tempo no horário eleitoral gratuito de rádio e tv e o lançamento de Benedita da Silva e do deputado estadual Carlos Minc como puxadores de legenda, respectivamente à câmara federal e à assembléia legislativa, e potencializar o desempenho eleitoral das suas chapas – ou se vai se submeter as picuinhas de interesses particulares em detrimento as do coletivo e da unidade partidários -, se vai indicar candidatura a vice-governança – numa chapa onde o PMDB possui o candidato ao governo, um ao senado e pretende manter o vice – e quais serão os dois suplentes à candidaura ao senado de Lindberg Farias.

Ufa, não é pouca coisa!

SEGUEM AS MUDANÇAS NA NOVA LEGISLAÇÃO

As mudanças:

1. Os partidos têm de, necessariamente, manter a proporcionalidade de um mínimo de 30% e um máximo de 70% por sexo na sua lista de candidaturas.

O parágrafo terceiro do artigo 10 da Lei nº 9.504/1997, que estabelece o número de vagas de candidaturas que cada partido ou coligação deve destinar para cada sexo – dispositivo conhecido como “lei de cotas para mulheres”, passa a vigorar com a seguinte redação: “Do número de vagas resultante das regras previstas neste artigo, cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% (trinta por cento) e o máximo de 70% (setenta por cento) para candidaturas de cada sexo”.

Na redação anterior a palavra utilizada era reservará.
2.Os partidos serão obrigados a destinar 5% do Fundo Partidário à formação política das mulheres, com punição para o descumprimento da regra, que será acrescentar mais 2,5% dos recursos do fundo no ano posterior.

São acrescidos o inciso V e o parágrafo 5º ao Artigo 44 da Lei nº 9.096/1995 que regula a aplicação de recursos do Fundo Partidário:

“V. Na criação e manutenção de programas de promoção e difusão da participação política das mulheres conforme percentual que será fixado pelo órgão nacional de direção partidária, observado o mínimo de 5% (cinco por cento) do total”.

“§ 5º O partido que não cumprir o disposto no inciso V do caput deste artigo deverá, no ano subseqüente, acrescer o percentual de 2,5% do Fundo Partidário para essa destinação, ficando impedido de utilizá-lo para atividade diversa”.

3. 10% do tempo de propaganda partidária deverá promover a participação das mulheres (exceto em anos eleitorais);

O artigo 45 da Lei nº 9.096/1995, que trata da propaganda partidária gratuita fica acrescido do inciso IV:

“IV – promover e difundir a participação política feminina, dedicando às mulheres o tempo que será fixado pelo órgão nacional de direção partidária, observado o mínimo de 10% (dez por cento)”.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Participe da 1ª Jornada Nacional de Formação do PT

Em maio acontece a 1ª Jornada Nacional de Formação Política do PT que pretende contar com a participação de 100 mil filiados/as em diversos municípios do país. O objetivo principal é tornar os filiados e militantes do partido sujeitos da formulação, das decisões e da ação política.

A JORNADA acontece em três etapas ( regionais, estaduais e locais ). A etapa preparatória regional cobriu 25 estados, envolvendo 700 pessoas entre dirigentes estaduais e municipais, formadores ( as ) militantes e filiados ( as ). Em abril estão acontecendo as etapas preparatórias estaduais que preparam os militantes responsáveis por realizar as atividades locais das quais todos/as militantes filiados/as do partido estão convidados a participar.

A JORNADA está em pleno movimento estimulando o partido se organizar para retomar a formação. O fortalecimento ou a organização dos coletivos estaduais e municipais de formação serão fundamentais para que seja possível realizar a jornada, preservar a memória das experiências realizadas e garantir a continuidade do trabalho. Este ambiente ajudará a consolidar a Escola Nacional de Formação. Ela é uma iniciativa da Direção Nacional do PT, por meio da Secretaria Nacional de Formação e da Fundação Perseu Abramo, em parceria com as Secretarias Estaduais e Municipais de Formação.

Metodologia

A metodologia indica a necessidade de que se realizem mediações entre os conhecimentos sobre o partido e sobre as relações sociais, políticas e culturais apresentados nos cadernos 1, 2 e 3 e os conhecimentos, representações e opiniões, expressos pelos participantes sobre essa experiência.

Assegurando que a existência de diferentes concepções e interpretações sobre os diferentes momentos da história do PT seja apontada valorizando a existência da pluralidade que caracteriza o PT.

Conteúdos

Os conteúdos a serem trabalhados abarcam elementos da história do partido e de suas idéias no contexto da história do país, com ênfase em conjunturas específicas que se tornaram, ou têm se tornado, marcos para o Brasil, para o PT, os movimentos populares e a esquerda. Também tratam de nossa mais importante experiência de poder: os quase 8 anos de governo Lula e nosso projeto para o Brasil.

São trabalhados três núcleos de conteúdos que serão o foco em todas as etapas ( regional, estadual e local). Esses núcleos estão contidos em três cadernos que que materializam um esforço comum de recuperação e elaboração de elementos da história do PT, da história da elaboração dos programas de governo das candidaturas à presidência da República, da experiência do governo Lula e das possibilidades de dinamização dos diretórios regionais, a partir de diferentes leituras políticas da história do partido. Os cadernos serão distribuídos a todos/as os/as participantes em todos os municípios e são as referências para os/as formadores.

São eles:

• Caderno 1 – Elementos da história do Partido dos Trabalhadores e suas resoluções.

• Caderno 2 – O Projeto Nacional e a política internacional do PT ( Balanço do governo Lula e elementos dos programas de governo desde 1989 ).

• Caderno 3 – Articulação do Projeto Nacional, Projetos Regionais e Locais, o fortalecimento do PT e a luta pela hegemonia no país.

Mobilização

Haverá forte mobilização para a realização da Jornada em cada município ou macro-região. O grande interesse dos/as participantes pelos conteúdos apresentados nas etapas regionais, especialmente no que se refere à construção do pensamento do PT, ( aspectos centrais das resoluções dos congressos e encontros ), mostrou o quanto é importante ser evidenciado o processo de formulação do partido para que os/as filiados/as e militantes possam se apropriar do patrimônio teórico-prático produzido. Essa produção deve ser o ponto de partida para a reflexão e a elaboração política.

PARTICIPE

Vamos aproveitar a realização da 1ª JORNADA NACIONAL DE FORMAÇÃO para revigorar nossos diretórios municipais chamando os militantes e filiados ( antigos e novos ) para participar das atividades.

Entre em contato com a Secretaria Estadual ou Municipal de Formação e INSCREVA-SE!

Mais informações:

http://www.pt.org.br/portalpt/secretarias/formacao-politica-26.html

http://www.fpa.org.br/jornada

Serra acha “normal” conviver com nordestino.


ORGULHO DE SER NORDESTINO E NÃO VOTAR EM JOSÉ SERRA!

Como seria “anormal”? Tapar o nariz?

Por Paulo Henrique Amorim,
Ze Pedagio gosta tanto de Pobres e Nordestinos, que ao tentar justificar o injustificavel comete gafe. Olha a perola:
A peróla de Serra em Natal
O jornalista Heverton de Freitas que acompanhou a visita do presidenciável José Serra ao RN, na tarde desta quinta-feira 22), para o Novo Jornal, postou no twitter a observação que merece o registro.
Disse Heverton: Querendo agradar aos nordestinos, Serra foi buscar nas lembranças da Mooca em São Paulo a presença de muitos nordestinos com quem convivia. E soltou essa pérola: “Eu estava na escola pública e convivia com eles (os nordestinos) numa total normalidade”.
Grifo nosso: Certamente, o presidenciável José Serra acredita que os nordestinos são de uma espécie diferente da dele. Deve ser!

domingo, 25 de abril de 2010

Pedágios de SP aumentam custos de alimentos e materiais de construção

Para transportadores de cargas, tarifas de pedágios de São Paulo tornaram-se inviáveis. Estado chegou a 227 praças de pagamento este ano

Por: Suzana Vier, Rede Brasil Atual

Publicado em 16/04/2010, 13:15

Última atualização em 23/04/2010, 15:34

Pedágios de SP aumentam custos de alimentos e materiais de  construção

Com 58,5 quilômetros de extensão, o pedágio da Rodovia dos Imigrantes, que liga a capital paulista aos municípios da Baixada Santista, custa R$ 17,80 para carros de passeio (Foto: André Vicente/Folha Imagem)

São Paulo - Há indícios de que os pedágios existem desde a Idade Média e de que, no Brasil, Dom Pedro II já se beneficiava desse recurso para financiar a construção de estradas. Séculos depois, o Brasil soma 239 pontos de cobrança de pedágio. Cerca de 50,6% deles – um total de 121 pontos – só no estado de São Paulo, segundo dados da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp)

No entanto, se forem considerados os locais em que a cobrança se faz nos dois sentidos de direção, o número sobe para 227. Em 1997, o estado tinha 40 praças de pedágio estaduais, sob administração pública.

Nos últimos 13 anos, os pedágios em São Paulo cresceram mais de 400% e os paulistas chegaram a 2010 com todas as praças de cobrança, novas e antigas, concedidas à iniciativa privada, em contratos que vão de 20 a 30 anos de concessão.

O custo do pedagiamento é sentido principalmente por quem passa pelas estradas paulistas diariamente, como os transportadores de carga. Francisco Pelucio, do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de São Paulo e região (Setcesp) avalia que o pedagiamento no estado é "caríssimo". "Em São Paulo, o pedágio tem impacto de 10% a 25% do custo do transporte. Isso é muito, é o pedágio mais caro do mundo", afirma.

Pelucio explica que um pedágio viável deveria representar até 3% do custo do transporte. "O problema não é o pedágio, mas o valor que se cobra", condena.

Segundo ele, o impacto da cobrança recai, no final do processo produtivo, sobre o consumidor final. "O frete mais o pedágio encarecem o produto e o custo é embutido no preço de venda. Quem realmente paga é o consumidor", detalha.

O dirigente sindical ressalta que São Paulo sempre teve as melhores estradas e melhoraram muito depois da instituição dos pedágios, mas "isso não justifica esses valores tão altos".

João Batista Domenici, vice-presidente Executivo do Sindicato Nacional das Empresas de Transporte e Movimentação de Cargas Pesadas e Excepcionais (Sindipesa), alerta que o custo de transporte elevado reduz a competitividade da indústria brasileira. "As empresas podem deixar de fazer negócios", avisa.

Já Neuto Gonçalves, coordenador técnico da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC & Logística), não condena o pedágio, desde que "a tarifa seja módica, ou seja, desde que o benefício seja superior ao custo", ressalta. O benefício do pedágio significa a redução do custo operacional do caminhão com uma estrada bem cuidada.

Entretanto, numa avaliação custo/benefício da tarifa, o custo vem ganhando peso excessivo nas vias paulistas. Estudo da NTC aponta que o gasto com pedágio chega a 20% das operações na rodovia dos Bandeirantes, a 17,4% no complexo Anchieta/Imigrantes – ambas estaduais –, 15,2% na Dutra e 4,8% na Régis Bittencourt – estas últimas estradas federais que cortam São Paulo.

Impactos

Pedágios deixam frete mais caro

O professor de economia da Universidade Federal Fluminense (RJ), Carlos Enrique Guanziroli, alerta que o custo de produtos de baixo valor agregado, como alimentos, materiais básicos de construção e artigos de borracha sofrem mais com o impacto dos custos de pedágio.

Como exemplo, ele cita o transporte de areia. Se um caminhão com o produto custar por volta de R$ 300 e o pedágio ficar em R$ 10 ou R$ 12, o custo do transporte torna-se muito alto e impacta demasiadamente o valor do produto. Já o transporte de produtos químicos ou metal-mecânicos de alto valor não é muito afetado, porque o frete é pouco importante em relação à mercadoria.

Um estudo realizado pelo pesquisador para a Agência Nacional de Transporte Terrestres (ANTT), sobre o impacto de novos pedágios na Rodovia Presidente Dutra demonstrou que em um dos locais em que havia pretensão de implantação de pedágio, 60% dos carros desistiriam do percurso e os motoristas buscariam outras alternativas sem custos ou mais baratas.

Nessa localidade, a pesquisa indicava que abrir um pedágio poderia significar até conflitos com a população. Por afetar perto de 200 mil trabalhadores por dia, oficinas, shoppings e hotéis, havia receio de a população "quebrar o pedágio".

"Quando você coloca pedágio, as pessoas procuram outro shopping, outro restaurante onde não haja essa cobrança. Algumas empresas poderiam entrar em falência", detectou o docente no estudo.

Outro impacto que Guanziroli cita é sobre os carros de passeio. "Abrir mais pedágios perto das cidades, arrecada mais, entretanto os passageiros são mais prejudicados."

No caso de passageiros que viajam de ônibus, um levantamento da liderança do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo assinala que a incidência da tarifa de pedágio é maior sobre as famílias de menor renda. Em algumas linhas do transporte intermunicipal o pedágio embutido na passagem chega a 14% do preço total.

Uma pessoa que viaja de Arujá a São Paulo, num trajeto de 40,9 quilômetros, paga R$ 7,65, sendo R$ 0,70 a parcela relativa ao pedágio. No final de um ano, esse passageiro terá um gasto de R$ 420,00 com pedágio, embutido na passagem de ônibus, detalha o estudo.


Fonte: Rede Brasil Atual

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Encontro Estadual do Partido dos Trabalhadores!!!

O Partido dos Trabalhadores do estado do Rio de Janeiro realiza no próximo domingo 25/04/10, o Encontro Estadual do partido na quadra do Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela, com a presença da nossa pré-candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff. O credenciamento de delegados titulares ocorrerá sábado (24) de 9h às 12h na sede do PT e domingo (25) das 8h às 10h30 no local do evento. O credenciamento de delegados suplentes acontecerá somente domingo das 10h30 às 12h na Portela.

A G.R.E.S Portela fica na Rua Clara Nunes, 81 em Madureira. Saiba como chegar: http: //maps.google.com.br/maps?hl=pt-BR&q=GRES%20Portela&um=1&ie=UTF-8&sa=N&tab=il

Confira a pauta do Encontro:

• Apresentação do resultado das prévias.
• Aprovação do resultado da política de aliança.
• Leitura e aprovação da nominata de candidatos a deputado estadual e deputado federal.
• Suplência do Senado.
• Ato solene da pré-candidatura de Dilma Rousseff e Lindberg Farias.
• Tática/ Estratégia Eleitoral.
• Tempo de TV/ Programa.
• Diretrizes do programa de governo do PT.

Convidamos toda a militância do PT para está presente neste grande ato político de apoio a Dilma e Lindberg a entrada é liberada a todos (as).
Podem participar todos militantes e simpatizantes do encontro democrático do PT é um espaço onde decidiremos nossa política a nível estadual e nacional a presença da militância é fundamental nesse momento de construção partidária!

Convite:

Na reunião da direção estadual realizada na última quarta-feira, dia 21/04/10,
marcamos uma reunião da Articulação de Esquerda para domingo, dia 25/04/10, 10 horas, na quadra da Portela, antes do início do Encontro Estadual do PT onde estará presente a companheira Dilma e Lindberg.

Na pauta, repassar os informes da reunião da DEAE e fazer a discussão do
Encontro e as possíveis polêmicas.

Assim, convidamos todos os militantes da AE para estarem no Portelão domingo, a presença de vocês é super importante.

10 horas, na nossa reunião.

Um abraço,
Ronaldo Cerqueira
Articulação de Esquerda - PT

quinta-feira, 22 de abril de 2010

58º CONEG da UNE: debates esquentarão os ânimos

Durante os quatro dias de programação do 58º CONEG da UNE, os estudantes estarão reunidos em 19 conferências e mesas de debate temáticas em torno da educação, desenvolvimento econômico e social, cultura, esporte, saúde, comunicação e meio-ambiente. As discussões nortearão e vão subsidiar a elaboração das reivindicações do movimento estudantil, dando origem ao documento intitulado “Projeto UNE pelo Brasil”.

Confira alguns nomes que já confirmaram presença.

Mesa: Um projeto de desenvolvimento popular, democrático e soberano para o Brasil

Emir Sader - pesquisador do Laboratório de Políticas Públicas da UERJ

Mesa: Reforma política, democracia e protagonismo popular

José Eduardo Dutra – presidente do PT

Mesa: Juventude, educação e trabalho

Danilo Moreira - presidente do CONJUVE

Vai haver também representantes dos Ministérios da Educação, Esportes, Secretaria especial de Políticas para as Mulheres, entre outros, além de reitores e dirigentes de universidades.

Como funciona o CONEG DA UNE

O Conselho Nacional de Entidades Gerais (CONEG) é uma instância deliberativa da UNE. Possuem direito a voz e voto as entidades representativas dos estudantes no âmbito das Instituições de Ensino Superior (DCEs), no âmbito municipal, estadual ou do Distrito Federal (UEEs e entidades municipais), e, também, as Executivas e Federações Nacionais de Curso. Cada entidade indica o seu representante/delegado, que será o estudante com direito a voz e voto durante todo o encontro.

58º. CONEG da UNE

Data: A partir de 22/04/10

End.: Bloco A do Centro de Tecnologia da UFRJ

CT da UFRJ /Ilha do Fundão

Av. Athos da Silveira Ramos 149 - Bloco A - 2º andar


Plenária Final do 58º CONEG da UNE

Data: 25/04/10

Local: Praia do Flamengo, 132.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Por que a Folha mente (mente, mente, mente, desesperadamente)



Por Emir Sader


As elites de um país, por definição, consideram que representam os interesses gerais do mesmo. A imprensa, com muito mais razão, porque está selecionando o que considera essencial para fazer passar aos leitores, porque opina diariamente em editoriais – e em matérias editorializadas, que não separam informação de opinião, cada vez mais constantes – sobre temas do país e do mundo.

A FSP, como exemplo típico da elite paulistana, é um jornal que passou a MENTIR abertamente, em particular desde o começo do governo Lula. Tendo se casado com o governo FHC – expressão mais acabada da elite paulistana -, a empresa viveu mal o seu fracasso e a vitória de Lula. Jogou-se inteiramente na operação “mensalão”, desatada por uma entrevista de uma jornalista tucana do jornal, que eles consideravam a causa mortis do governo Lula, da mesma forma que Carlos Lacerda,na Tribuna da Imprensa, se considerava o responsável pela queda do Getúlio .

Só que a história se repetiria como farsa. Conta-se que, numa reunião do comitê de redação da empresa, Otavio Frias Filho – herdeiro da empresa dirigida pelo pai -, assim que Lula ganhou de novo em 2006, dava voltas, histérico, em torno da mesa, gritando “Onde é que nós erramos, onde é que nós erramos”, quando o candidato apoiado pela empresa, Alckmin, foi derrotado.

O jornal entrou, ao longo da década atual, numa profunda crise de identidade, forjada na década anterior, quando FHC apareceu como o representante mor da direita brasileira, foi se isolando e terminou penosamente como o político mais rejeitado do país, substituído pelo sucesso de Lula. Um presidente nordestino, proveniente dos imigrantes, discriminados em São Paulo, apesar de construir grande parte da riqueza do estado de que se apropria a burguesia. Derrotou àquele que, junto com FHC, é o político mais ligado à empresa – Serra -, que sempre que está sem man dato reassume sua coluna no jornal, fala regularmente com a direção da empresa, aponta jornalistas para cargos de direção – como a bem cheirosa jornalista brasiliense, entre outros – e exige que mandem embora outros, que ele considera que não atuam com todo o empenho a seu favor.

O desespero se apoderou da direção do jornal quando constatou não apenas que Lula sobrevivia à crise manipulada pelo jornal, como saía mais forte e se consolidava como o mais importante estadista brasileiro das últimas décadas, relegando a FHC a um lugar de mandatário fracassado. O jornal perdeu o rumo e passou a atuar de forma cada vez mais partidária, perdendo credibilidade e tiragem ano a ano, até chegar à assunção, por parte de uma executiva da empresa, de que são um partido, confissão que não requer comprovações posteriores. Os empregados do jornal, incluídos todos os jornalistas, ficam assim catalogados como militantes de um partido (tucano, óbvio) polí tico, perdendo a eventual inocência que podiam ainda ter. Cada edição do jornal, cada coluna, cada notícia, cada pesquisa cada editorial, ganharam um sentido novo: orientação política para a (debilitada, conforme confissão da executiva) oposição.

Assim, o jornal menos ainda poderia dizer a verdade. Já nunca confessou a verdade sobre a conclamação aberta à ditadura e o apoio ao golpe militar em 1964 – o regime mais antidemocrático que o país já teve -, do que nunca fez uma autocrítica. Menos ainda da empresa ter emprestado seus carros para operações dos órgãos repressivos do regime de terror que a ditadura tinha imposto, para atuar contra opositores. Foi assim acumulando um passado nebuloso, a que acrescentou um presente vergonhoso.

Episódios como o da “ditabranda”, da ficha falsa da Dilma, da acusação de que o governo teria “matado” (sic) os passageiros do avião da TAM, o vergonhoso artigo de mais um ex-esquerdista qu e o jornal se utiliza contra a esquerda, com baixezas típicas de um renegado, contra o Lula, a manipulação de pesquisas, o silêncio sobre pesquisas que contrariam as suas (os leitores não conhecem até hoje, a pesquisa da Vox Populi, que contraria a da FSP que, como disse um colunista da própria empresa, era o oxigênio que o candidato do jornal precisava, caso contrário o lançamento da sua candidatura seria “um funeral” (sic). Tudo mostra o rabo preso do jornal com as elites decadentes do país, com o epicentro em São Paulo, que lutam desesperadamente para tentar reaver a apropriação do governo e do Estado brasileiros.

Esse desespero e as mentiras do jornal são tanto maiores, quanto mais se aprofunda a diminuição de tiragem e a crise econômica do jornal, que precisa de um presidente que tenha laços carnais com a empresa e teria dificuldades para obter apoios de um governo cuja candidata é a atacada frontalmente todos os dias pelo jornal.

Por isso a FOLHA MENTE, MENTE, MENTE, DESESPERADAMENTE. Mentirá no fim de semana com nova pesquisa, em que tratará de rebater, com cifras manipuladas – por exemplo, como sempre faz, dando um peso desproporcional a São Paulo em relação aos outros estados -, a irresistível ascensão de Dilma, que tratará de esconder até onde possa e demonstrar que o pífio lançamento de Serra o teria catapultado às alturas. Ou bastaria manter a seu candidato na frente, para fortalecer as posições do partido que dirigem.

Mas quem acredita na isenção de uma pesquisa da Databranda, depois de tudo o que jornal fez, faz e fará, disse, diz e dirá, como partido assumido de oposição? Ninguem mais crê na empresa da família Frias, só mesmo os jornalistas-militantes que vivem dos seus salários e os membros da oposição, com a água pelo pescoço, tentando passar a idéia de que ainda poderiam ganhar a eleição.

Alertemos a todos, sobre essa próxima e as próximas mentiras da Folha, partido da oposição, partido das elites paulistas, partido da reação conservadora que quer voltar ao poder no Brasil, para mantê-lo como um país injusto, desigual, que exclui à maioria da sua população e foi governado para um terço e não para os 190 milhoes de habitante.

Por isso a FOLHA MENTE, MENTE, MENTE, DESESPERADAMENTE.

domingo, 18 de abril de 2010

FRAUDE NO DATAFOLHA À FAVOR DO SERRA!!

QUEREM GANHAR ELEIÇÃO "NA MARRA"? OU QUEREM FAZER O POVO, O TSE/STF/POLICIA FEDERAL DE "BABACAS" ???

Há uma fraude, intencional "ou não", no tamanho da amostra da pesquisa Datafolha de março em relação à de fevereiro. Da pesquisa divulgada hoje ainda não há estes dados para conferir. Mas os dados de fevereiro e março, disponíveis no TSE, são suficientes como prova. Seria o caso de QUALQUER MINISTRO do TSE ou do STF, mandar fazer uma investigação profunda nessa "CONSTATAÇÃO" GRITANTE?

Na pesquisa de fevereiro o instituto fez 2.600 entrevistas, sendo em 18 bairros de São Paulo.

Na pesquisa de março, o Datafolha elevou a pesquisa para 71 bairros de São Paulo. Porém, inexplicavelmente, não aumentou o número de entrevistas, mantendo as mesmas 2.600 pessoas pesquisadas.

A pesquisa do Datafolha é na rua, em lugares de movimento. Cada bairro é um ponto de coleta de entrevistas de intenção de votos.

Rio e Belo Horizonte perderam importância relativa na amostragem para São Paulo:

No Rio de Janeiro (segundo colégio eleitoral) a pesquisa foi feita em 10 bairros (10 pontos de entrevista).

O eleitorado da capital paulista é 1,8 vezes maior do que o da capital fluminense.

Pela proporção, se o Rio teve 10 pontos de coleta, São Paulo deveria escolher 18 bairros, e foi esse o número da pesquisa de fevereiro, o que estava certo. Resultado naquela data: apenas 4% de diferença entre Serra e Dilma.

Subitamente, em março, o DataFolha ampliou a coleta de amostra de São Paulo para 71 bairros. Inexplicavelmente, manteve para o Rio os mesmos 10 bairros. Resultado: a diferença aumentou para 9% entre Serra e Dilma.

Se o objetivo era ampliar a amostra para maior precisão, também seria necessário aumentar o número de bairros no Rio na mesma proporção, elevando de 10 para 39.

A mesma coisa aconteceu com Belo Horizonte. Tanto em fevereiro como em março, as pesquisas abrangeram 4 bairros.

BH tem cerca de 22% do número de eleitores de São Paulo. Assim, para 18 bairros pesquisados em São Paulo em fevereiro, 4 em BH estava proporcionalmente correto. Mas para 71 bairros na capital paulista, seria necessário aumentar para 15 em BH.

Os locais de entrevista em São Paulo aumentaram, mas as entrevistas continuaram em 2.600

Outro forte mau-cheiro exalado pela pesquisa de março é o número de entrevistas ter ficado fixo, quando aumentou-se os pontos de coleta de entrevistas.

Na melhor das hipóteses, para aumentar o número de pontos de 18 para 71, em São Paulo, mantendo o mesmo total de entrevistas, seria necessário reduzir o número de entrevistas em cada ponto, seja em São Paulo, seja em outras cidades.

Só que não faz qualquer sentido o Datafolha pagar pesquisadores para darem plantão em mais pontos, e pedir para cada um deles fazer menos entrevistas, trabalhando menos.

Na pior das hipóteses, pode acontecer o famoso "descarte" seletivo de fichas. As pesquisas seriam feitas em número superior a 2.600, e depois uma parte das fichas descartada, "impugnada". Descarta aqui, impugna ali, Serra teve mais "sorte" do que Dilma nos descartes, a ponto da diferença aumentar de 4% em fevereiro, para 9% em março, para 10 % em abril.



O Datafolha vai argumentar que o tamanho da amostra em São Paulo não quer dizer nada, porque os resultados finais são ponderados de acordo com os dados do IBGE. É apenas uma meia verdade, pois uma pesquisa "bem feita" em São Paulo, e "mal feita" no Rio de Janeiro e Minas Gerais, afeta os resultados de toda a região sudeste e do Brasil.

O fato indiscutível é que o Datafolha mudou sua metodologia no meio do jogo, e não comunicou ao distinto público, o que, por si só, já é para lá de suspeito.

E está usando critérios desproporcionais ao tamanho do eleitorado, para cidades diferentes, o que é tecnicamente condenável por qualquer estatístico.

É um engôdo, uma forma de fraude, comparar a evolução do próprio Datafolha de fevereiro para março, quando foram feitas com metodologias diferentes, com planos de amostragem diferentes.

Qual o impacto dessa lambança no resultado nacional da pesquisa não dá para saber, inclusive porque seria necessário analisar o que foi mudado nas demais cidades. Só o Datafolha pode explicar. Mas quem vai confiar nas explicações do Datafolha depois disso?


Confira a relação dos bairros na pesquisa feita entre 25/03/2010 a 26/03/2010 nesta página do TSE, clicando na protocolo 7346/2010:

Depois clique na parte indicada abaixo que aparecer na tela:

Confira a relação dos bairros na pesquisa de fevereiro, feita entre 24/02/2010 a 25/02/2010 repetindo o processo acima, porém clicando no protocolo 4080/2010 (virando para a página seguinte na tela acima)

Curiosamente, Institutos independentes, não LIGADOS a "patotas", "grupos" (leia-se Globo - Folha de S.Paulo, escancaradamente PALANQUES de um candidato de um determinado partido) dão resultados completamente distintos do Datafolha, considerando que foram feitos num mesmo período. Muito estranho. É caso para ser analisado pelo TSE/STF ou pela Policia Federal?

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Se lig@ 16!!


sexta-feira, 9 de abril de 2010

"Echente não é problema natural, é social"

Por Julio Delmanto e Otávio Nagoya

Alagamentos em São Paulo provocam mortes e prejuízos para as famílias pobres; moradores protestam contra descaso e interesses ocultos dos governos municipal e estadual. Foto: Pedro Nogueira

No dia 28 de outubro de 2009 o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) comunicou a diversos órgãos públicos municipais, estaduais e federais a “possibilidade de haver enchentes catastróficas nos meses de dezembro a março”, em texto assinado por Gilberto Câmara. Tudo indica que as providências não foram tomadas. A negligência do poder público diante do comunicado é responsável por cerca de 70 mortes no Estado de São Paulo, a grande maioria nas regiões periféricas. Além disso, famílias perderam suas casas, móveis, aparelhos domésticos e sua dignidade.

Neste verão, São Paulo enfrentou 47 dias ininterruptos de enxurradas, causando um enorme caos na cidade. Os paulistanos sofreram dificuldades com o transporte e riscos à saúde. Porém, a parcela mais prejudicada foi a população pobre, instalada em regiões carentes de infraestrutura. Alguns bairros, como o Jardim Romano e o Jardim Pantanal, ficaram mais de dois meses debaixo de água, em um cenário em que às vezes mal se distingue o que é córrego do que é rua. Para Anderson Laureano, morador da Vila Aimoré, na região do Jardim Pantanal, “o povo está revoltado, ao Deus-dará, sem solução e sem uma satisfação das autoridades”.

Conscientes de que “as enchentes são um problema social e não natural”, como explica a geógrafa Odete Seabra, as populações afetadas pelas enchentes não aceitam mais o discurso oficial, repercutido pela mídia coorporativa, que responsabiliza os céus pelo caos que atingiu as regiões pobres. Uma série de manifestações e articulações mobilizou vários bairros da cidade, acarretando inclusive em uma audiência com o prefeito. Como resume Anderson Laureano, “nós não vamos ficar quietos de jeito maneira, vamos é fazer mais barulho, ir para cima deles”.

A referência ao abandono e ao desinteresse das autoridades é praticamente unânime entre os moradores dessas regiões. Ao contrário das regiões de classe média e alta da cidade, os jardins Pantanal e Romano já haviam vivido algumas enchentes no
passado, mas nenhuma chegou nem perto da magnitude da atual situação. Durante dias a coleta de lixo ficou praticamente inexistente, as pessoas adoeceram e morreram por conta da água contaminada. Grande parte dos moradores perdeu os seus pertences e, no máximo, recebeu em troca uma cesta básica e um colchonete como “ajuda” para superar a situação.

As causas
“A explicação que as autoridades estão dando é que quem está fazendo a enchente são os próprios moradores”, relata o deputado Federal Paulo Teixeira (PT), sobre a tentativa da prefeitura em culpar a população pelas enchentes, apontando a ocupação irregular da várzea do rio Tietê como causa dos problemas. Odete Seabra lembra que a ocupação dessas áreas em primeiro lugar não é feita por opção dos moradores, e sim pelas condições econômicas à quais estão submetidos e, em segundo, que existe tecnologia para ser feita de maneira sustentável, “só precisa de investimento. Não pode é culpar quem não tem onde morar”.

Seabra insere os atuais problemas num processo mais antigo e amplo, que há muitos anos é responsável pela expulsão dos pobres do tecido urbano de São Paulo, por conta de interesses econômicos, como os da especulação imobiliária. Segundo ela, ao menos 20% da população paulistana vive em favelas.

Para a urbanista Mariana Fix, doutoranda em economia na Unicamp, “o problema é visto de outro ângulo quando observamos que é justamente nas áreas rejeitadas pelo mercado imobiliário e nas áreas públicas situadas em regiões desvalorizadas que a população trabalhadora consegue se instalar, assim, as ocupações ilegais, como as favelas, são largamente toleradas quando não interferem nos circuitos centrais de realização do lucro imobiliário”.

Para Paulo Texeira, “a prefeitura não está trabalhando corretamente, ela está dando cheque aluguel de 300 reais e cheque despejo pras pessoas irem embora, mas não está respeitando o valor da casa das pessoas”. “Cheque aluguel” – 300 reais mensais por seis meses antes que haja um suposto realocamento definitivo das famílias em uma unidade habitacional – e dinheiro para o despejo, que varia entre 1800 e 3 mil reais, são as únicas políticas da prefeitura para lidar com o problema, ignorando a possibilidade de oferecer a essas famílias condições dignas em seus próprios bairros e mesmo a possibilidade de indenizar com justiça tudo que foi perdido com as águas.

“O pessoal tá revoltado, e o prefeito tenta ganhar os moradores com esse negócio de vale aluguel”, afirma Sandoval de Farias, do Jardim Romano. Você tem seu barraco, sua casinha mais ou menos, aí vai morar de aluguel e depois derrubam sua casa, você vai morar aonde depois dos seis meses?”, critica Farias. Aqueles que concordam com o “cheque aluguel” passam a receber os trezentos reais e têm que buscar uma nova casa sozinhos, uma vez que a antiga é imediatamente demolida.

Anderson Laureano aponta ainda outro aspecto da proposta: desmobilizar os que estão organizados reivindicando seus direitos. Identificado como liderança, recebeu a oferta de um apartamento em Itaquaquecetuba, município localizado a cerca de 50 km do centro da capital. “Me ofereceram esse apartamento como um cala-boca, mas a gente continua lutando, independentemente disso”, afirma, convicto.

Segundas intenções
Nos casos específicos das inundações dos jardins Pantanal e Romano há indícios de que a manutenção do alagamento é fruto não da natureza, mas de uma opção política dos governos estadual e municipal, interessados na desocupação da área para construção do Parque Várzeas do Tietê, financiado por órgãos internacionais e apontado como “o maior parque linear do mundo”. O fato levanta a hipótese de que alguns alagamentos não tenham sido tão acidentais e inevitáveis quanto José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM) fazem parecer.

O rio Tietê é permeado por uma série de usinas elétricas e barragens, que controlam seu fluxo. A abertura ou fechamento de uma barragem influencia o nível do rio em diversas outras regiões. Em entrevista ao portal UOL, o engenheiro João Sérgio, responsável pela barragem da Penha, afirmou que a EMAE (Empresa Metropolitana de Águas e Energia) determinou, no dia 8 de dezembro, o fechamento de uma das barragens do rio, com o objetivo de evitar alagamentos na marginal Tietê, o que complicaria o trânsito na cidade. No entanto, essa opção acarretaria no alagamento consciente de bairros como o Romano e o Pantanal.

Segundo Hamilton Souza, geógrafo e morador do Jardim Romano, “foi preferido fazer isso para não atrasar as obras da marginal. Escolheram alagar os bairros, penalizando a população”. Ele afirma que “é difícil acreditar que pessoas tiveram coragem de fazer isso de propósito, porque por serem técnicos eles deveriam saber quais são as consequências”.

Muitos moradores acreditam que o ocorrido não é fruto de descuido, mas de atuação criminosa do governo, que se aproveitou da enchente para expulsar as pessoas da região. “Isso tudo faz parte de um programa do Estado de fazer o dito maior parque linear do mundo”, conta Alexandre Ferreira, morador do Jardim Pantanal. “Na nossa avaliação, a prefeitura está fechando as comportas pra alagar e forçar as famílias a saírem e facilitar o trabalho de implantação do parque”, finaliza.

Bruno Miragaia, da Defensoria Pública conta que o poder público afirmou que o fechamento da comporta da Penha não gera, por si só, as enchentes. Porém o advogado acredita que o fato, com o assoreamento do rio, pode ser uma das principais causas. “O objetivo do poder público é a retirada das casas na área de construção do parque, com ou sem água, só que essa remoção viola todo um sistema jurídico”, constata Miragaia.

Júlio Delmanto e Otávio Nagoya são jornalistas

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Dilma diz em MG que não irá tolerar postura de "lobo em pele de cordeiro" da oposição

A pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, disse nesta terça-feira (6), em Ouro Preto (MG), que não aposta no que chamou de "bateu-levou": "Sempre que discutimos propostas e apresentamos caminhos temos que apresentar também as diferenças. Estamos caracterizando o que é o nosso projeto e o que é o da oposição. Se (a oposição) não tem projetos, isso tem que ficar claro", disse.

A ex-ministra rebateu as críticas de que estaria entrando na campanha com um tom agressivo: "Nós queremos debater, fazer o debate respeitoso. Dizer que o projeto do governo Lula é um e o da oposição é outro. É desrespeito?", disse.

Dilma voltou a usar a metáfora do lobo em pele de cordeiro e garantiu que não irá tolerar essa postura dos opositores. Mesmo sem citar nomes, ela mandou um recado direto aos adversários. "Quem da oposição quiser se passar como sucessor do governo Lula não sendo, é um lobo em pele de cordeiro. E vocês sabem quem são", disse, se dirigindo ao público presente à Câmara Municipal da cidade, em um evento onde ela esteve cercada de militantes, parlamentares e prefeitos de cidades do interior de Minas Gerais.

"O que eu chamei de lobo em pele de cordeiro é quem criticava até ontem e hoje não critica mais. Lobo em pele de cordeiro é uma expressão bíblica, que das pessoas caracterizam o que elas não são. Um lobo pode se vestir com uma pele bem branca e estar com as patas afiadas", afirmou, dizendo ainda que, apesar do tom elevado, pretende fazer uma campanha rumo ao Palácio do Planalto "em alto nível". Leia mais aqui.

Blog Amigos do Presidente Lula

terça-feira, 6 de abril de 2010

Vox Populi dispara contra críticas da Folha


Por Anselmo Massad, Rede Brasil Atual

“Quem tem de se explicar é o Datafolha”, afirma João Francisco Meira, diretor-presidente do Vox Populi. Ele critica ainda a Folha por não ouvir o instituto ao questionar sua metodologia

São Paulo – Diante dos questionamentos a respeito dos resultados da pesquisa eleitoral do Vox Populi, o diretor-presidente do instituto João Francisco Meira critica a cobertura da Folha de S.Paulo e enseja ir ao ataque. “Quem tem de se explicar é o Datafolha”, afirma em entrevista à Rede Brasil Atual.

Divulgada no sábado pela Band, o levantamento mostrou ascensão da pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, que empatou tecnicamente com o nome do PSDB ao cargo, José Serra. O ex-governador de São Paulo aparece com 34% das intenções de voto contra 31% da ex-ministra da Casa Civil. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Um dos principais questionamentos ao levantamento do Vox Populi diz respeito à ordem das perguntas. Primeiro, os entrevistados eram interrogados sobre o conhecimento prévio dos pré-candidatos. Depois, demandava-se a intenção de voto. “Nossos levantamentos são feitos da mesma forma há anos, sem alteração”, defende-se Meira.

Admitindo-se irritado com “essa conversa sobre nosso questionário”, ele defende a opção adotada pelo instituto. “Quem disse que perguntar sobre o conhecimento do candidato influencia na intenção de voto? O contrário é que sim”, critica.

Para o cientista político, a ordem é necessária porque as questões sobre a preferência do eleitor incluem apresentar diferentes listas de candidatos aos entrevistados. Depois de ler os nomes nas cartelas, os participantes poderiam dizer que ouviram falar de um dos concorrentes apenas porque viram seu nome entre as opções apresentadas.

A diferença de metodologia entre os realizadores de pesquisas eleitorais poderiam ser reduzidas, na visão de Meira, com diálogo entre as empresas, mas não há disposição para isso. “É uma discussão que deveria estar no plano técnico mas, por uma opção editorial, dão outro rumo”, lamenta.

“O Vox Populi tem um modelo, falamos na casa das pessoas, damos tempo para elas responderem, nossas pesquisas podem ser auditadas a qualquer tempo”, pondera. “O Datafolha faz entrevistas na rua, sem verificar se a pessoa mora mesmo na cidade”, compara.

Meira lembra que outros institutos como o Sensus e o Ibope trouxeram tendências semelhantes às contatadas pelo Vox Populi. Ainda segundo ele, o único com dados divergentes foi o Datafolha. “Na pesquisa de março, (os técnicos do Datafolha) não publicam detalhes, e as explicações que deram não batem”, critica. As mudanças no cenário, relacionadas ao fim dos problemas com as chuvas em São Paulo e o crescimento sem causas específicas na região Sul foram as razões apresentadas pelo Datafolha.

Segundo Meira, a principal diferença entre os institutos é que o Datafolha faz parte de um grupo de comunicação que tem um jornal de grande circulação. “Não posso brigar com um jornal como esse”, sustenta. “Enviamos uma nota ainda no sábado para o jornal (Folha), mas nenhuma linha foi publicada. Queria saber se o manual de jornalismo que eles dizem respeitar está sendo respeitado neste caso”, ataca.

Apesar das duras críticas, Meira defende que os quatro principais institutos de pesquisa do país têm capacidade de projeção semelhante nas proximidades do pleito. Para isso, cita estudos de Marcos Figueiredo, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj).

Resultados

Para João Francisco Meira, o levantamento de abril é um marco no processo de campanha porque é o último produzido antes da desincompatibilização dos candidatos. Nas próximas edições, os eleitores lidarão com personalidades na condição de pré-candidatos e não ministro ou governador – no caso dos dois primeiros colocados. “Agora, ambos estão livres da condição de mandatários para se movimentar em debates pelo país ou dar entrevistas na TV e no rádio”, aposta.

Em relação a Dilma e Serra, os percentuais estão relacionados à projeção obtida nas propagandas políticas obrigatórias de seus respectivos partidos. De um lado, a pré-candidata petista conseguiu um importante embalo pela exposição da propaganda partidária de dezembro. Mais recentemente, recebeu um impulso ligado ao maior conhecimento de que seu nome é endossado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Do outro lado, José Serra conteve a queda também por contar com maior espaço nas inserções de TV e rádio.
Esse conjunto, segundo Meira, explicaria os quatro pontos percentuais a mais recebidos por Dilma e a estabilização de Serra.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Vamos manter viva a universidade dos trabalhadores!

Por José Arbex Jr.

Caro leitor:a Escola Nacional Florestan Fernandes pede a sua ajuda urgente para se manter em funcionamento. Situada em Guararema (a 70 km de São Paulo), a escola foi construída, entre os anos 2000 e 2005, graças ao trabalho voluntário de pelo menos mil trabalhadores sem-terra e simpatizantes. Nos cinco primeiros anos de existência, passaram pela escola 16 mil militantes e quadros dos movimentos sociais do Brasil, da América Latina e da África. Não se trata, portanto, de uma “escola do MST”, mas de um patrimônio de todos os trabalhadores comprometidos com um projeto de transformação social. Entretanto, no momento em que o MST é obrigado a mobilizar as suas energias para resistir aos ataques implacáveis dos donos do capital, a escola torna-se carente de recursos. Nós não podemos permitir ou sequer tolerar a ideia de que ela interrompa ou diminua o ritmo de suas atividades.

A escola oferececursos de nível superior, ministrados por mais de 500 professores, nas áreas de Filosofia Política, Teoria do Conhecimento, Sociologia Rural, Economia Política da Agricultura, História Social do Brasil, Conjuntura Internacional, Administração e Gestão Social, Educação do Campo e Estudos Latino-americanos. Além disso, há cursos de especialização, como Direito e Comunicação no campo, em convênio com outras universidades. O acervo de sua biblioteca, formado com base em doações, conta hoje com mais de 40 mil volumes impressos, além de conteúdos com suporte em outros tipos de mídia. Para assegurar a possibilidade de participação das mulheres, foram construídas creches (as cirandas), onde os filhos permanecem enquanto as mães estudam.

A escola foi erguida sobre um terreno de 30 mil metros quadrados, com instalações de tijolos fabricados pelos próprios voluntários. Ao todo, são três salas de aula, que comportam juntas até 200 pessoas, um auditório e dois anfiteatros, além de dormitórios, refeitórios e instalações sanitárias. Os recursos para a construção foram obtidos com a venda do livro Terra (textos de José Saramago, músicas de Chico Buarque e fotos de Sebastião Salgado), contribuições de ONGs europeias e doações.

Claro que esse processo provocou a ira da burguesia e de seus porta-vozes “ilustrados”. Não faltaram aqueles que procuraram, desde o início, desqualificar o ensino ali ministrado nem as “reportagens” sobre o suposto caráter ideológico das aulas (como se o ensino oferecido pelas instituições oficiais fosse ideologicamente “neutro”) ou ainda as inevitáveis acusações caluniosas referentes às “misteriosas origens” dos fundos para a sustentação das atividades. As elites simplesmente não suportam a ideia de que os trabalhadores possam assumir para si a tarefa de construir um sistema avançado, democrático, pluralista e não alienado de ensino. Maldito Paulo Freire!

José Arbex Jr. é jornalista