Do Blog Nas Retinas
Em abril, as sonoras do presidente no JN estão 60% abaixo da média (0,40), em junho, cai para 64% abaixo da média (0,36) e em julho para 77% abaixo da média (0,23). Dito de outra forma, tirando os meses com distorção do noticiário sobre Irã (março e maio), o JN vinha dando uma sonora do presidente a cada 4 ou cinco edições do telejornal. Em abril e junho, vai para uma a cada 6,5 edições. Em julho, vai para uma a cada 9 edições. No mesmo período, os demais telejornais analisados fizeram praticamente o caminho inverso.
É evidente o esforço do Jornal Nacional para evitar que a candidata Dilma Roussef seja reconhecida pelo público como a candidata do presidente Lula. A medida que Lula aparece ao lado de Dilma, sua popularidade se cola a candidata. Um presidente com mais de 80% de aprovação popular pode sim impulsionar seu sucessor, apesar da mídia brasileira não querer e agora cobrar do presidente imparcialidade nas eleições. Para atacar o presidente, espalhando preconceitos, a mídia não o trata como o titular do mais alto cargo público do país. Basta lembrar o bando de cachorros loucos que o entrevistou no Roda Viva em 2005, durante a mais grave crise de seu governo.
Recebi de profissionais de mídia, especializados em clipping e acompanhamento de telejornais, tabelas comparativas que mostram como o Jornal Nacional está limando Lula do notíciário em 2010 enquanto em outros jornais, a média de aparições do presidente muda pouco. Isso não é falta de pauta relevante, pois os outros jornais continuam com cobertura frequente dos atos da Presidência.
Em junho de 2010, Lula teve 4 citações no JN Nacional contra 9 em 2009. Em julho foram 3 em 2010 contra 13 em 2009. Aqui você pode baixar a Planilhas de visibilidade do PR nos telejornais. E aqui baixe a tabela padrão de discordância do JN. Veja explicação mais detalhada dos dois arquivos:
De janeiro a julho de 2009, o presidente Lula apareceu falando no JN 57 vezes. No mesmo período deste ano, foram 44. Uma redução acima de 20%. No entanto, se descontarmos as sonoras relacionadas ao Irã, que foram 12 no período, aqueda seria de 44%, perto da metade. Na comparação apenas dos dois meses mais recentes, a diferença é impressionante:
junho de 2009, 9 sonoras do Lula no JN (mais de 2 por semana);
junho de 2010, 4 sonoras (uma por semana);
julho de 2009, 13 sonoras (mais de 3 por semana);
julho de 2010, apenas 3 sonoras (menos de uma por semana).
Na comparação com os principais telejornais das emissoras concorrrentes (Planilha 2) o JN está sempre abaixo da média, mas a divergência mais grosseira ocorre nos últimos quatro meses, tirando maio, quando o assunto Irã distorceu a curva. Em abril, as sonoras do presidente no JN estão 60% abaixo da média (0,40), em junho, cai para 64% abaixo da média (0,36) e em julho para 77% abaixo da média (0,23). Dito de outra forma, tirando os meses com distorção do noticiário sobre Irã (março e maio), o JN vinha dando uma sonora do presidente a cada 4 ou cinco edições do telejornal.
Em abril e junho, vai para uma a cada 6,5 edições. Em julho, vai para uma a cada 9 edições. No mesmo período, os demais telejornais analisados fizeram praticamente o caminho inverso, aumentando a frequência das sonoras do presidente: Repórter Brasil – de uma sonora a cada 2,5 edições em janeiro para uma a cada 2 em julho; Jornal da Record – de uma a cada 5 em janeiro para uma a cada 1,6 em julho; Band – de 3,1 para 1,7 e SBT de 4,2 para 1,8.
Na Planilha 1 tem um estudo comparado de mais de 600 matérias ou notas noticiadas pelos telejornais analisados. A cor vermelha indica uma matéria com sonora do presidente, a amarela uma matéria ou nota em que ele é mencionado como protagonista, mas não há sonora, a azul é quando a nota ou matéria só faz referência a ele e a cinza indica que o telejornal não deu nenhuma informação sobre o assunto noticiado nos demais. Em 24 ocasiões entre janeiro e julho, o JN usou um critério jornalístico que subavaliou o assunto em relação a todos os demais. Destes 24 casos, destacamos 15 exemplos berrantes, que estão na tabela de padrão de discordância e falam por si mesmos.
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